Bem, hoje trago talvez uma assunto mais sensível, capaz de ferir susceptibilidades, mas não é mais do que a minha opinião pessoal e vale apenas por isso.
Já há uns tempos que tenho tido algum cuidado de analisar determinados conteúdos de facebook e, recentemente, dos blogs.
Num país onde o nível de vida cai a pique e onde a esperança mora muito longe, ouvir alguém proferir que é feliz é refrescante. Mas fazer disso bandeira para todas as conversas, todas as frases tontas de facebook e afins é que já não entendo.
A felicidade é um conceito demasiado abstracto para poder argumentar quando alguém me diz que é muito feliz, mas as demonstrações forçadas e frases feitas são sinónimo de insegurança e poucas certezas na sua própria condição. Se sou plenamente feliz para quê dizê-lo a cada cinco minutos?! Possivelmente ando demasiado ocupada a ser feliz. Não teria tempo para parar, a cada cinco minutos, para relembrar os leitores do quão feliz sou.
Outra coisa no baú das felicidades feitas, é a panca que, principalmente as mulheres, têm de achar sempre uma brecha qualquer na conversa para colocar o seu 'mais que tudo' (inenarrável na minha opinião). Os seus homens são sempre óptimos e de fornadas das quais já se lhes perdeu a receita. Eu não entendo, mas, embora até saiba que há muito bons rapazes, não há nenhum homem que seja digno do fastidioso título 'homem da minha vida'. Mas o que é isso, afinal?! É um homem que passa pelas nossas vidas, que pode ficar permanentemente, mas que, se um dia, por azar, se for, vai continuar a ser o 'homem da nossa vida'?! Independentemente de sermos deixados ou de largar alguém, a nossa vida é apenas uma. E não é bonito, minhas senhoras, virem dizer que algum tipo é o 'homem da vossa vida'. Isso não existe. E acreditem que tenho uma costela de romantismo.
Ora observem o comportamento masculino. Por acaso vêem os homens berrar por todo o lado que são muito felizes, que amam muito a 'mais que tudo', que comeram esparguete ao almoço e que ela sujou a blusa com tomate? Não, pois não?! Deixemo-nos de tonterias.
Rendo-me aos noventa anos, com um homem há mais de 30 ao meu lado, a limpar-me o rabo e a dar-me papas Cerelac na boca. Aí digo-lhe: "Constantino, és o homem da minha vida!"